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quarta-feira, 18 de abril de 2018

António Macedo: Quero estar outra vez feliz na rádio


Estou muito descontente com a rádio que estou a fazer, com a forma como a rádio está a ser feita, com tudo aquilo que me rodeia (...) Quero estar outra vez feliz na rádio

António Macedo

Por João Paulo Guerra 
Entrevista editada em 15 de Outubro de 2016, data da homenagem a António Macedo, promovida pelo 
1º Acto – Clube de Teatro e Intervalo – Grupo de Teatro.

"A voz da rádio tem uma personalidade amiga e íntima, como a de um velho camarada de confiança"
Erskine Caldwell, Vagueando pela América, Editora Ulisseia 1963

"A rádio tem uma distinta personalidade humana, devida ao seu amigável e íntimo tu cá tu lá"
 Caldwell, ob. cit.

Nome?
António José Macedo Monteiro de Oliveira.
Idade?
Sessenta a cinco anos. Sessenta e seis a 4 de
Novembro, sou de cinquenta.
Nascido onde?
Lisboa, São Sebastião da Pedreira, Maternidade Alfredo da Costa.
E onde residiam os teus pais?
Na Rua do Salitre, 55, 4º Direito, onde vivi os primeiros anos de vida.


Consideras Lisboa a tua terra?
Lisboa é a cidade de que eu mais gosto e a minha terra é Lisboa. Mas tenho uma grande ligação, profunda, à Figueira da Foz porque vivi lá quatro anos, entre 1965 e 1969. Fiz lá entre o terceiro e o sexto ano do Liceu. Fiz lá muitos amigos e deixei lá, não direi muitas raízes mas muitos troncos, alguns ramos e algumas folhas. Não posso dizer que gosto da cidade mas gosto de muita gente de lá.
Macedo na festa dos 50 anos,
com Waldemar Bastos e Ricardo Sá Pinto
Eu lembro-me de um episódio da tua vida, a festa dos teus 50 anos, em que foste conduzido para o salão de uma colectividade, em Lisboa, com um pretexto qualquer, e lá chegado abriu-se uma cortina e estavam centenas de amigos teus…
… O primeiro que vi entre aquela multidão foi o Mário Zambujal. Uma multidão e nomeadamente uma quantidade de figueirenses que desceu ao povoado. Alguns dos quais eu não via há anos.
Outras terras da tua vida?
Évora, antes de ir para a Figueira. O meu pai, na qualidade de técnico de engenharia, foi para Évora para a construção das piscinas, em 1963, estivemos lá cerca de dois anos. O liceu era na actual Universidade. Cheguei no início no segundo período e a primeira aula que tive foi de desenho. A professora anunciou que havia um aluno novo, apresentei-me e ela perguntou: Sabe como é que eu me chamo? Não sabe? Então vá lá fora ver o meu nome. Eu saí, cá fora estavam os nomes dos alunos e dos professores. A professora chamava-se Maria Alice Valente Génio. Entrei na sala e disse: Já vi o nome. E ela: O meu nome corresponde inteiramente à pessoa: Valente Génio.

E que mais fizeste em Évora?
Fui ginasta do Lusitano de Évora. 
Portanto, há um momento na tua vida em que fizeste ginástica?
Confesso. Fiz ginástica. Não sou como o Winston Churchill que atribuía a sua longevidade à ginástica: porque nunca a tinha feito. Eu andava na ginástica com os irmãos Câmara Pereira, que eram conhecidos como Irmãos Marianos, porque faziam coisas fantásticas na ginástica, coisas de circo. E mantive sempre com o Nuno Câmara Pereira algo que vem da cumplicidade dos miúdos de 13 anos.
Foto rara: Macedo sem óculos
E quando é que começaste a usar óculos?
Com dois anos e meio de idade. Se reparares bem, tenho um lado da testa maior que o outro.
Nunca reparei nem estou a reparar.
Se calhar hoje já não tenho. Mas os meus pais observaram que eu chocava nas esquinas, por exemplo com o triciclo, e devia ter alguma deficiência de visão. E levaram-me ao médico e verificou-se que eu tinha uma inclinação, do lado esquerdo…
Nas Ramblas com um "Che" local
Tinhas uma inclinação para a esquerda? Aos dois anos e meio?
Exactamente, uma inclinação a qual nunca se desfez.
 E como é que os teus pais encararam essa tua inclinação para a esquerda?
Bem, de forma assaz satisfatória, embora na altura não se pronunciassem sobre o assunto. Mas eu sempre percebi que era uma coisa que não os incomodava coisa nenhuma, antes pelo contrário, até de certa maneira os orgulhava.
Então, óculos a partir dos dois anos e meio. E com que idade abriste os olhos?
Eu nunca abri os olhos, continuo a ser um bocado ingénuo, continuo a ser enganado, tenho a mania que sou muito esperto mas não sou nada.
Recapitulemos então a itinerância tua e da família.
Portanto foi assim: Lisboa, Évora, Figueira, Lisboa; a que eu acrescento, por minha conta, Luanda, Lisboa.
Luanda marcou-te?
Luanda, Junho de 1974: António Macedo com Rui Pego
e outros ié-iés
Luanda? Obviamente, onde vivi de 1971 a 1975 e deixei muitas ligações afectivas.
E foste para Luanda com a família, os teus pais foram para lá?
Fui sozinho, passar umas férias, a convite de uns tios meus que lá estavam na altura. Eu tinha entrado para a Faculdade de Direito. Mas houve ali um problema no início do ano lectivo, eu fiquei sem fazer nenhum. As aulas só iriam começar em Novembro e os meus tios que estavam em Luanda, que já muitas vezes me tinham convidado para lá ir, voltaram a convidar-me. Eu fui e depois fui-me deixando ficar. Só voltei em Junho de 1975. Não cheguei à Independência.
Porque começaste a trabalhar?
Eu aqui já tinha tido umas vagas colaborações na Rádio Universidade, nomeadamente com o Paulo Morais, o Electrónico Morais, tudo muito vago, muito inconsistente, fiz até estágio para relatos de futebol. Mas em Luanda houve um tipo da rádio, o António Taklin, que adoeceu e convidaram-me para tentar substitui-lo. E eu fui e a partir dali não houve mais parança.
Mas isso era frequente em Luanda?
Não é ser arrogante mas não era qualquer um que ficava.
Tens amigos dos tempos da escola?
Tenho. Amigos de sempre, quero dizer, amigos que se nos encontramos hoje é como se tivesse sido há 10, 20 ou 30 anos. Tenho alguns amigos do peito, com alguns dos quais mantenho contacto regular, há outros com quem perdi contactos, mas sei que eles estão ali, eles também sabem que eu estou aqui. Há um, que eu não posso citar, não direi o nome, mas que é das pessoas mais extraordinárias que eu conheço, porque é um ouvinte compulsivo de rádio. Ele não faz outra coisa que é exercer a profissão dele, muitas vezes fora do país, e para além de trabalhar – é engenheiro na área dos petróleos, com sucesso, com êxito - a única coisa que ele faz é ouvir rádio, até mesmo enquanto trabalha. E conhece a rádio, as pessoas da rádio, a vida das pessoas da rádio, de camaradas meus, os programas da rádio, melhor do que eu. Conhece-te a ti em termos profissionais melhor do que eu. Tenho a certeza que ele sabe tanto de ti na rádio como tu.
E são amigos desde…
Ao canto da Alameda da Universidade na esquina
com o Campo Grande, foi o Lar dos Pequeninos
Desde o Colégio Lar dos Pequeninos, em Lisboa. Ele jogava futebol muito bem, é sportinguista, foi das pessoas que me levou a ser do Sporting, ele e o meu pai com quem eu ia ver jogos do Sporting. Mas isso do meu pai não significa coisa nenhuma, haja em vista o que se passa com o meu filho… Mas ele era muito habilidoso a jogar e tinha princípios. Era rebelde, questionava, punha em causa uma data de coisas mas era educado. Eu via-o como um ídolo, um tipo que punha tudo em causa e no entanto estava no quadro de honra. Ele defendia, como um princípio, que nunca se podia fazer batota, temos que ser sempre rectos, rigorosos e justos. É um tipo de esquerda. E é um ouvinte de rádio da manhã à noite. E conhece tudo e toda a gente da rádio, os nomes do técnicos, tudo. Falamos praticamente todas as semanas, ele é muito crítico, ajuda-me muito.
 Então e como era o Lar dos Pequeninos?
O Lar dos Pequeninos ainda existe. Ou melhor, o edifício ainda lá está, no espaço do Horto do Campo Grande. Aquilo era para ser demolido para construção da Cidade Universitária. Mas ficou e ainda lá está.
E para além do Lar dos Pequeninos, que outros estabelecimentos frequentaste?
Liceu Pedro Nunes, por duas vezes, Liceu na Figueira da Foz…

E residias na Rua Salitre. Como era? Sítio pacato?
Sim, paredes meias com o Parque Mayer. E eu tinha um tio que era agente artístico. 
A memória do Parque Mayer apaga-se nas paredes
Tio por que via?
Irmão do meu pai.
O teu pai quem era?
João Marques de Oliveira, técnico de engenharia e 
para-agente artístico.
E o que fazia o teu pai como para-agente artístico?
Agenciava artistas. Ballets espanhóis para o Parque Mayer.
Ah! Ballets! Ballets e bailarinas?
Sim nos ballets havia bailarinas. Que vinham para o Parque
Mayer e para os cabarés, o Maxime, o Fontória, o Nina, que eu conheci catraio, pela mão do meu tio.  
Bailarinas no Parque Mayer
E também conheceste bailarinas espanholas desde
pequenino?
Desde pequenino. No  4º esquerdo vivia o meu pai; no 4º direito, o meu tio; e ao meio  o escritório,  sala de reuniões dos agentes, com os artistas, etc.
E as bailarinas espanholas que influência tiveram na tua pessoa?
Daí vem talvez a expressão que eu costumo usar: eu de cara sou assim mas de corpo sou uma espanhola.
E a tua mãe como encarava essas reuniões com bailarinas espanholas?
A minha mãe dava explicações de francês às espanholas.
Como se chamava a tua mãe?
Maria Odete Macedo Monteiro, natural de Freixo de Espada à Cinta, estudou Letras, românicas, mas não acabou o curso por causa do casamento.
E como é que o teu pai, de Lisboa, conheceu a tua mãe, de Freixo de Espada à Cinta?
Não sei porque eu ainda não era nascido. Mas penso que se cruzaram no Porto. Aliás a minha mãe era portista, adepta do Futebol Clube do Porto. Vê lá tu! O meu pai é que era sportinguista.
Tiveste irmãos?
Não. A minha mãe teve alguns problemas de gravidez até que nasci eu.
E no tempo em que vivias na Rua do Salitre quem eram os teus amigos?
Eram do Parque Mayer. A varanda das traseiras da minha casa dava directamente para o Parque Mayer. As luzes, o som, e feeria. Tudo, a revista, o boxe, as barracas dos tiros, os restaurantes, aquilo que era o Parque Mayer, a vida, a alma de Lisboa provinciana daquele tempo. Vinham excursões da província.
Andaste a estudar quantos anos?
Então: fui para o Lar dos Pequeninos com 4 anos, em 1960 fui para o Pedro Nunes, em 1971 fiz a admissão para a Faculdade de Direito.
Foste da Mocidade Portuguesa?
Fui, fui da Mocidade Portuguesa, devo dizer que não tenho honra nenhuma nisso, não tive nenhum orgulho quando fui comprar a farda ao Palácio da Independência…
Era obrigatório e ainda ganhavam dinheiro com a farda?
Exactamente. Camisa verde, calções de caqui castanho, meias pelo joelho e o bivaque, o benzovaque. E eu ainda fui arvorado a comandante de Castelo. E ainda participei num 1º de Dezembro nos Restauradores. Chumbava-se o ano lectivo por faltas á Mocidade! Só podíamos dar três faltas por ano à Mocidade. Era obrigatório.
E quando e onde é que o bichinho da rádio te mordeu ou te picou?
É difícil de responder mas eu acho que foi desde sempre. Não havia televisão,  nós ficávamos à volta da rádio. E ouvíamos o Comboio das Seis e Meia e os romances, os clássicos à noite na Emissora e o teatro com Álvaro Benamor. E os programas desportivos, com o Artur Agostinho e o professor Mário Moniz Pereira, a falar de atletismo e de voleibol, e os relatos do Amadeu José de Freitas, do Nuno Brás. Nós tínhamos a imagem das jogadas, a posição dos jogadores, tudo muito visual.
Alguma vez fizeste relatos de futebol?
Sim, sim.
Também fizeste relatos de boxe?
Não, foi de wrestling, na televisão. Mas de futebol fiz muitos. Em Angola fiz relatos de futebol, hóquei, basquetebol.
É um grande desafio, seguir a velocidade do jogo?
 E tentar respirar. É das técnicas mais difíceis em rádio. Por isso é que são poucos os bons relatores. O bom relator tem que acompanhar os pormenores da jogada e dar a perceber onde é que e jogada se está a desenrolar. Quem é que tem a bola; quem está a atacar e quem está a defender; onde é que isto está a acontecer dentro do relvado, muito longe ou muito perto da baliza.
Bons relatores:
David Borges, o melhor de todos. Espectáculo de rádio, o Jorge Perestrelo. O equilíbrio entre o espectáculo e o relato, Fernando Correia e Carlos Cruz. O mais rigoroso a relatar, David Borges. 
E na actualidade?
Os mais equilibrados são o Alexandre Afonso e o Fernando Eurico.
És contra o espectáculo nos relatos da bola?
Não, tem que haver algum espectáculo. Mas convém perceber se a bola entrou na baliza ou não.
Quais foram para ti os teus Dias da Rádio?
1988: com Júlio Pereira, Viriato Teles,
Pedro Rolo Duarte, João Gobern e Fernando Tordo
Os da TSF, do início da TSF.
Do início até quando?
Até sempre.
E o bichinho da rádio leva-te simplesmente a ouvir ou a
quereres entrar dentro do aparelho?
A querer entrar para dentro do aparelho.
Qual era o aparelho, quando eras miúdo, na tua casa?
Era um Philips, castanho, enorme, de válvulas, com aquela luzinha verde da sintonia, onda curta e onda média, também tinha FM mas nós não sabíamos que existia o FM. Isso descobri eu só em 1964, quando o Rádio Clube Português começou a anunciar: Quer ouvir-nos em melhores condições? Carregue na tecla UKW. Eu carreguei na tecla e era um som espectacular, com outro corpo!
Qual foi até agora o teu grande parceiro na rádio?
(grande hesitação….) Eu tive um grande parceiro, que não é uma figura da rádio, que foi o Ricardo Camacho, músico e médico, fundador da Sétima Legião e grande especialista em doenças infecto-contagiosas. O Ricardo foi meu parceiro num programa que eu fiz na Rádio Comercial, no meu regresso á rádio, um programa denominado Mão na Música. O Ricardo sabe muito de música, tem enorme bom senso e é uma bela caneta. Esse foi um grande parceiro, há músicos portugueses que ainda me falam nesse programa. Mão na Música, título do José Nuno Martins. Outro tipo de parceiro foi o Luís Paixão Martins, com quem me entendia muito bem, uma certa cumplicidade. E depois, o Chico Sena Santos. O Chico foi um caso à parte mas toda a TSF foi um caso à parte.
Com Francisco Sena Santos, emissão no Majestic, Porto 
Mas com o Sena também trabalhaste na Antena 1.
Mas na Antena 1 foi uma repetição. Não tentes voltar a ser feliz onde já foste. É como regressar a um casamento velho. Não sei como isso é.

Outros parceiros?
O António Cartaxo. 
E mais?
António Macedo com António Cartaxo
O Viriato Teles. E há os parceiros da técnica, de quem nunca se fala. O último com quem eu tive uma cumplicidade enorme, que sabia exactamente o que é que eu queria, que chegava a ficar a montar enquanto eu fazia a emissão para me poupar a mim o tempo de estúdio, foi o António Antunes. Eu mandava-lhe os textos, com entradas e saídas, as coisas que nós sabemos, os temas musicais, daqui e até ali, aquilo era para começarmos a fazer depois da emissão da manhã. E eu saía do estúdio e estava tudo montado e exactamente como eu tinha imaginado. Como também o Carlos Felgueiras, o João Carrasco e todos, mas todos, os técnicos de exteriores da Antena 1. Mas tive muitos outros parceiros, em Angola, o José Maria Pinto de Almeida, o Artur Neves, o José Gabriel, o João Canedo. E depois houve os sonorizadores da TSF que hoje fazem parte da linguagem da rádio. Uma linguagem que agora está muito atenuada, por vezes já não existe. 
4 de Novembro de 2015: Surpresa! Parabéns em directo

Mas existem muitos jornalistas a fazer esse trabalho, muito bem feito, por exemplo o Frederico Moreno, um jovem jornalista da Antena 1 que não faz nada sem sonorização e muito bem. Não sei se ele alguma vez o aprendeu; mas a verdade é que ele tem a noção certa do que faz e faz muito bem. A Raquel Mourão Lopes também. É uma rapaziada nova.
Há gente nova que nos garante que os dias da rádio continuam?
Há. Isto afinal continua. Isto afinal tem uma linguagem própria, tem uma existência própria.
Gente que sustenta a paixão da rádio. Não sei se isto foi só um slogan, se existe mesmo. Tens a paixão da rádio?
Tenho.
Não trabalhaste só na rádio?
Em Liverpool, à porta da casa de George Harrison
Integrei as equipas fundadoras do Se7e, do Noticias da Tarde, da Revista Mais, fui colaborador de O Jornal desde o primeiro número, publicado a 1 de Maio de 1975, no qual, aliás, escrevi uma prosódia sobre Angola. E, ainda mais importante: fui o primeiro e único "porta-voz" de um jornal em Portugal e, porventura, no mundo... No caso, do semanário Fiel Inimigo, do Júlio Pinto, figurando mesmo, nessa extraordinária e muito vocal qualidade, na ficha do periódico: porta-voz, caraças!
Tu tens para aí quantos amigos?
Macedo e Guerra, nos 80 anos do Mário Zambujal
Cinco (risos).
Bem, só no Facebook tens mais de 3500 amigos…
Quero dizer, há pessoas em quem confio, tenho pessoas de quem gosto muito, pessoas que me tratam muito bem. 
Mas amigos, amigos, temos o quê? Dez? Pessoas a quem contamos as coisas que não contamos aos outros… Eu quando digo que tenho cinco amigos quero valorizar os amigos que tenho. Tenho muitos amigos… Mas digo que tenho cinco, dez.  
Oferta dos amigos nos 60 anos do António: 60 diferentes
garrafas e latas de diferentes marcas de cerveja
E inimigos?
É preciso um tipo ser muito importante para ter inimigos. Inimigos, acho que não tenho. Mas tenho adversários e tenho pessoas que não gostam de mim e de quem não gosto. Isso, tenho alguns de estimação. Olha um, por exemplo, é o Paco Bandeira, com quem tive agora uma nova polémica, absolutamente abaixo de cão.
Para além do Paco Bandeira há mais alguém com quem não te sentes à mesa?
Há. Armando Vara, Jorge Coelho, Durão Barroso, Passos Coelho, Miguel Relvas, gente da política que pôs isto tudo de pantanas.
E alguém desse meio que tu estimes?
Manuel Alegre.
Mas isso é político ou intelectual?
António e Luísa com Manuel Alegre 
Desde logo intelectual. É um poeta extraordinário. O meu primeiro gesto deliberadamente antifascista foi comprar e ler a Praça da Canção. Tinha 14 ou 15 anos. E ele ficou sempre para mim como um símbolo de uma das coisas que eu mais prezo que é a LIBERDADE. Assim, LIBERDADE, tudo em caixa alta, corpo 78. E outra palavra de que eu gosto muito que é a palavra Pátria, que foi completamente aviltada, que perdeu completamente o sentido, e o Alegre regenerou a palavra Pátria. Depois há muitas outras pessoas por quem tenho muito respeito. Por exemplo: tenho muito respeito pelo Bagão Félix. Apesar de ser do Benfica.
Não dizes… apesar de ser do CDS?
Ele nem sequer é filiado no CDS mas é um homem de direita. Nunca o escondeu. Mas é um homem que está convictamente seguro de que as ideias dele são as melhores para as pessoas. E defende isso, argumentando muito bem.
António e Luísa no 1º de Maio de 2015 
Tu conheceste os Antónios Macedos das músicas, do Canta amigo canta, o do cinema e o da pintura?
O da pintura não conheço.
E o da política?
Era meu tio-avô. Era irmão da minha avó materna. Mas houve um corte na família por causa de heranças.
Ele foi fundador do PS. Heranças ideológicas ou do carrapito?
Do carrapito. Questão de partilhas. Houve um corte familiar profundo. Não o conheci propriamente. Dirigi-lhe uma vez a palavra, num restaurante no Bairro Alto, o Alfaia, pouco tempo depois do 25 de Abril. Sem lhe falar na ligação familiar, manifestei-lhe o respeito que tinha por ele, pelo seu papel muito respeitável na luta pela Liberdade. Mas não lhe falei no facto de ser sobrinho-neto dele, estou-me borrifando para a questão das partilhas. 
Tu foste casado duas vezes. Não há amor como o primeiro ou não há amor como o último? 
António pai de Gonçalo aos 25 anos 
Não há amor como o amor.
Ficaste amigo da mãe do teu filho mais velho? 
Fiquei, claro. Aliás, separámo-nos precisamente para podermos ficar amigos.
Lembras-te da tua primeira namorada?
Da primeira, a sério, lembro-me perfeitamente. E ela também. Chamava-se Eduarda.
Que idade tinhas?
 Eu tinha dos 16 para os 17 anos. Ela também. 
Foste namoradeiro? Atiradiço? Mulherengo? Engatatão? Ou “elas” é que não te deixavam sossegado? 
Luísa e António 
Fui isso tudo e não fui nada disso... Tinha a mania... Mas é estranho, ó João: houve épocas em que chegava a ter de as enxotar e outras épocas em que eram só "desastres". Mas sempre que gostava de uma miúda - atirava-me! E tive algumas boas surpresas. Fiquei "amigo" delas todas, excepto de uma. Ah! E nunca engatei nenhuma pela Rádio e tu sabes bem como a Rádio era "apelativa". Nem engatei, nem tentei engatar. A Rádio não é para o engate, como não são para o engate, hoje, as redes sociais. Do meu ponto de vista, claro e evidentemente...
Rita com mãe e pai 
Atrás de uma grande mulher está um grande homem. Ou vice-versa. Como é no teu caso?
A Luísa tem sido uma grande mulher. Eu estou muito longe de ser um grande homem embora, por vezes, me esforce um bocadinho nesse sentido...
O que é a Luísa para ti? Fada do lar? Governanta? Dona da pensão? Mulher? Amiga? Não há ninguém como ela?
A Luísa tem sido isso tudo, além de presidente do Conselho Fiscal. Apesar de algumas tormentas (ou, se calhar, por causa delas...), tem sido o meu Porto de Abrigo.
 A tua filha, Rita, também foi outra grande mulher atrás do homem que és tu? 
Pai e filha
A Rita vai ser uma grande mulher, apesar de razoavelmente frágil; o que é compensado por uma enorme determinação e por uma pertinácia (Alves dos Santos dixit...) que eu gostava bastante de ser capaz de secundar.
Rita, os pais, as fitas e o Tejo
Os teus filhos, o Gonçalo e a Rita, são os melhores filhos do mundo?
São, são.

E tu és o melhor pai do mundo?
Não.
Os teus filhos, Gonçalo e Rita, são teus ouvintes? Criticaram-te alguma vez? 
António, Joana e Leonor 
O meu filho sim, é meu ouvinte; a Rita não. Mas a Rita é de uma geração para a qual a Rádio (ainda) não tem a mesma importância e o mesmo aliciante que teve para a do Gonçalo e (muito mais) para a nossa. E o Gonçalo como ouvinte - meu ouvinte - é um incondicional. É Filho. Ponto.
Contas histórias à Leonor e à Joana, as tuas netas? Ou são elas que te contam histórias a ti?

Filhos e netas 
Contam-me mais elas a mim, do que eu a elas. O que fazia à mais velha e, agora, à mais nova, era ler-lhes histórias, dar-lhes livros, deixá-las mexer neles, cheirá-los... Também para que elas não vejam tanta televisão. 
As tuas netas sabem que tu vives grande parte da tua vida dentro de uma telefonia? Vêem alguma magia nisso? 
Leonor e Joana com o avô,
             dentro da Telefonia
Sabem sim, dentro de uma telefonia que está dentro do carro. E gostam de me ouvir - mas gostam mais de ouvir a Comercial, caraças!... Para a mais velha, aquilo era um bocado misterioso - mas já deixou de ser; a mais nova, a Joana, tenho a impressão que sempre encarou o assunto como o mais natural de mundo. Também - provavelmente... - porque assim que se proporcionou as levei à Rádio e as deixei "brincar" no estúdio com microfones, potenciómetros, computadores... E de auscultadores encravados nos respectivos terminais auditivos!
O facto de o teu filho, Gonçalo, a tua filha, Rita, as tuas netas, Leonor e Joana, filhas do Gonçalo e da Mané, a tua mulher, Luísa, serem todos e todas adeptas e adeptos do Benfica é um desgosto na tua vida?
Gonçalo e António a cores
Não. Desgosto na minha vida era os meus filhos não serem felizes, não serem leais e justos, não serem frontais. Agora, serem do Benfica? Isso é o lado para o qual eu durmo melhor. Embora eu esteja convencido que ainda serei capaz de desviar as minhas netas para o Sporting.

O Sporting já te deu mais alegrias ou mais tristezas?
Macedo com Vítor Damas

Mais tristezas que alegrias. Sobretudo a equipa de futebol. E mais do que a equipa de futebol a forma como o Sporting foi dirigido. O Sporting foi um clube ocupado e deixou-se ocupar. O Sporting foi um clube utilizado, houve gente que enriqueceu à conta do Sporting, e nesse sentido o Sporting deu-me muitas tristezas.
E como é que se pode dar apoio a pessoas tão diferentes como Dias da Cunha e Bruno de Carvalho, um ex e o actual presidente do Sporting? São comparáveis?
Não são. Aliás o Dias da Cunha nunca apoiou o Bruno de Carvalho. Nunca percebi porquê. O Dr. Dias da Cunha era um presidente da aristocracia do Sporting. 
António Macedo e Diego Armando Maradona 
Foi um presidente legítimo e que dirigiu muito bem o Sporting. E só saiu do Sporting quando viu que não tinha possibilidade de o dirigir bem. O Bruno de Carvalho não é da chamada aristocracia leonina. E portanto nesse sentido é completamente diferente. Só que as circunstâncias em que cada um foi presidente são completamente diferentes. Enquanto o Dr. Dias da Cunha teve que travar aquilo que vinha do Dr. José Roquete, o Bruno de Carvalho apanhou o Sporting completamente ocupado e teve que fazer à força, embora legitimamente e eleitoralmente, a reocupação do Sporting pelos sportinguistas.


António e Luísa no VilaLisa, Mexilhoeira Grande
António: e à mesa, como nós estamos - tu a comeres uns filetes de peixe-galo, eu a deitar abaixo umas petingas fritas – como és tu? Tens boa boca ou és de embirrações?
Uma das minhas maiores embirrações do momento - ou mesmo de há uns quatro ou cinco anos para cá - é este novo modismo dos chamados "chefs". Os "chefs" são os estilistas (os criadores... criadores? Criadores são os figurinistas do Teatro, esses é que são criadores!) deste início de século. As duas últimas décadas do século XX foram as dos estilistas; as duas primeiras do XXI são as dos "chefs". Uma praga a necessitar de purga. Pior que baratas na cozinha e olha que a cozinha que eles praticam não é nada barata! Estão por todo o lado, mas, vá lá vá lá, a Rádio escapou-lhes. Até são editorialistas nos jornais. Aliás, eles fazem pratos que são verdadeiros tratados do melhor linguajar em línguas diversas. O que aparece na mesa, porém, é apenas um mostruário... Deve ser para proteger a Saúde... 
O que eu gostava era de os ver cozinhar umas favas como tu ou umas iscas como a Luísa; ou uma sopinha da Mãe. Isso é que eu gostava.
Mas, sabes João, às vezes até tenho medo dos meus pensamentos. Não sou muito dado a "teorias da conspiração", mas sempre que os vejo ou que os leio, lembro-me de uma coisada que li aqui há uns anos (2007, 2008, por aí), à beira da crise, portanto. Não me lembro onde, mas era qualquer coisa que alertava para a forma como a Comunicação iria ser condicionada e como nos condicionaria a nós. 
Favas do Guerra para os Macedos 
Um dos últimos aspectos para os quais deveríamos estar particularmente atentos era, precisamente, para a proliferação desta treta dos cozinheiros e, nomeadamente, para o domínio da Gastronomia e das "novidades" que poderia apresentar em pratos e em "espaços", editada ad nauseum em muitas publicações generalistas. Não é por nada, mas por acaso já reparaste no conteúdo de publicações como a GPS (que sai com a Sábado) ou como a Evasões (que sai com o DN e com o JN)? E isto sou eu que nem acredito em bruxas....


António Macedo com Peter Gabriel 
 Pronto, mudemos de assunto. A música continua a ocupar parte do teu tempo?
 Ouço muita música, fundamentalmente em CD mas recorro por vezes ao vinil.
E comparas o CD e o vinil?
Comparo. Em muitos casos prefiro o som do vinil. Mas noutros não. Acho que na

Macedo com Leonard Cohen 
música clássica, apesar de ser mais frio, o som do CD é melhor. No rock é indiferente. Mas na música de texto e no jazz, sobretudo no jazz, não há como o vinil.
A música também fez sempre parte da tua vida?
Sempre.
E qual foi a grande emoção da tua vida a ouvir música?
É muito difícil de responder. Assisti a milhares de concertos. E se agora escolho, depois mais tarde talvez escolha outro… Mas há um concerto a que assisti e que ficará sempre: foi o concerto do Chico Buarque na Festa do Avante em 1980. O momento em que ele canta a primeira versão do Tanto Mar, eu estava perto do palco, e lavei-me completamente em lágrimas. Eu que não vivi o dia 25 de Abril, porque estava em Luanda, para mim a imagem do 25 de Abril ficou a ser o Chico Buarque a cantar a primeira versão original do Tanto Mar na Festa do Avante. 
Chico Buarque, António Macedo e Viriato Teles 
Mais concertos memoráveis?
O dos Rolling Stones em Madrid, Julho de 1982, debaixo de chuva permanente. Ninguém parou, ninguém se desviou um momento, no estádio do Atlético de Madrid, completamente a deitar por fora. Foi no primeiro de dois dias de concertos. E no final, eu estava a escrever para a revista Mais e liguei para o Carlos Cruz, disse-lhe o que tinha acontecido e ele decidiu ali, na hora: Com uma chuva assim a escorrer pelos teus óculos não deves ter visto nada. Fica para o concerto de amanhã. E eu fiquei. E vi os Rolling Stones em dois dias consecutivos. Concerto fantástico. E o concerto do Pete Seeger em Lisboa também foi fantástico.
Macedo na comissão promotora do espectáculo
de Pete Seeger em Lisboa, 1983. Na sala do restaurante A Bicaense,
 entre outros, pode ver-se José Afonso. 
O que é que não fizeste e gostavas de ter feito?
Uma volta a Portugal em bicicleta. E também gostava muito de ter escrito no jornal A Bola dos bons velhos tempos. Os tempos do Carlos Pinhão, Aurélio Márcio, Alfredo Farinha, Cruz dos Santos, Carlos Miranda. Foi com eles que eu aprendi a ler. Eu aprendi a ler n’A Bola. O meu pai era comprador de A Bola, de O Século e do Diário de Lisboa. E eu lia os jornais mas lia sobretudo A Bola, três dias por semana, às segundas, quintas e sábados, lia os textos do Vítor Santos que eram de um gajo perder a respiração, artigos muito bem escritos, não sei se é lenda se é verdade que A Bola chegou a ganhar um prémio de jornal melhor escrito da Europa. E todos escreviam de forma diferentes, o jornal não era padronizado; cada um tinha o seu estilo mas todos escreviam muito bem. Era um prazer e um gajo aprendia coisas a ler A Bola. Gostava de ter escrito, nos tempos subsequentes àquela geração. Um dia disse isto em público e o Carlos Pinhão mandou-me um recado: é quando quiseres. Mas aquilo é o que se diz a um amigo.
Macedo, Viriato Teles e António Antunes
O Rui Pêgo disse em tempos que tu és uma “lenda viva da rádio”. Queres comentar?
Bem, vivo estou. Lenda, tenho alguma dificuldade. O que se passa é que eu estou há muitos anos na antena, sempre no directo, com a panela ao lume, e daqui a 50 anos, quando se escrever a história da rádio em Portugal eu estarei entre os 100 que fizeram a rádio. E isso orgulha-me muito. Estar a par do Artur Agostinho, do D. João da Câmara, do Pedro Moutinho, da Maria Leonor. Mas hoje é tudo mais fácil. Um gajo só não faz as coisas bem se for muito calão ou muito incompetente. Agora, o que há é muita coisa que está previamente feita e que está mal feita, que tens que emendar. Mas tens tempo para o fazer.
António Macedo no ar
Há pessoas que dizem que a rádio contigo ou sem ti não é a mesma coisa. Queres comentar?
Fico sensibilizado. Mas não é verdade. As pessoas habituam-se. A rádio demora a consolidar-se. Criou-se alguma habituação. Há pessoas consideradas insubstituíveis que saem e no dia seguinte já ninguém se lembra delas. 
Como é que tu organizas o teu tempo?
Preparação do meu trabalho. Perco muito tempo na Internet e ler e-mails. Depois a prioridade é para a leitura.
E vais ouvindo rádio?
Sempre.
E então?
(pausa…) Agora é que tu me lixaste. Aprecio algumas pessoas, aprecio alguns trabalhos. Mas hoje falta muitas vezes uma linguagem à rádio. Aquilo parece-me muitas vezes feito por inputs. Muito informático. Muito padronizado. Quase toda a gente diz quase a mesma coisa quase à mesma hora, em todas as estações de rádio.
Tu, que vens do tempo da fita de arrasto, dás-te bem com as tecnologias?
Armando Carvalheda, António Macedo e Júlio Pereira
Eu ainda sou do tempo do arame. Ainda cortei fitas com a máquina parada. As novas tecnologias são excelentes. É uma higiene. Agora, como é tudo tão extraordinário há muita gente sentada em cima das coisas sem tirar partido delas. E depois o som que as pessoas ouvem é frio. Não é afectuoso. O som do digital é frio.
Tu admites, encaras a hipótese de encostar às boxes, parar, reformar-te?
Admito. Admito reformar-me. Parar não.
E não parando vais fazer o quê?
Eu tenho muito para ler. Tu sabes muito bem como é. Temos dezenas de livros em casa que nunca conseguimos ler. Ler os que não lemos e reler outros.
Estás a ler ou a reler o quê?
Camilo. O Expresso publicou uma data de obras do Camilo e eu li-as todas. Mas ficou-me a faltar um livro que o Expresso não publicou e que eu quero voltar a ler: A Corja.
No século XIX, Camilo é o maior?
Não. É o Eça. Eu prefiro o Eça. O Eça tem a escrita mais luminosa da literatura portuguesa.
E dos novos autores portugueses?
Leio o Gonçalo M. Tavares, João Tordo, José Luís Peixoto, a Ana Margarida Carvalho…
E tu podes viver sem a rádio?
Não.
Então não vais ficar só a ler e a reler livros?
Há anos que o Júlio Pereira me anda a falar na ideia de fazer uma rádio na Internet.
Então o que se seguirá na tua vida é uma espécie de rádio pirata na Internet?
Macedo em estúdio com o pianista Júlio Resende 
Provavelmente sim. Eu estou muito descontente com a rádio que estou a fazer, estou muito descontente com a forma como a rádio está a ser feita, estou muito desconfortável com tudo aquilo que me rodeia. E portanto, a minha intenção é, assim que puder, mostrar nem que seja a cinco pessoas, nem que seja só na Internet, aquilo que eu gostava que fosse feito. Nem que seja com poucos meios. Quero estar outra vez feliz na rádio, nem que seja uma radiozinha minha, com uma consolete, com um microfonezeco, lá em casa. 
Macedo em estúdio com o fadista Ricardo Ribeiro

O meu amigo Júlio Pereira diz que me ensina tudo o que é necessário para fazer uma rádio com o meu nome na Internet. Gravo, regravo, ponho música, e há um ou dois horários por dia em que estou eu, com o meu nome: Eu, António Macedo, em directo na rádio.  

Entrevistado por João Paulo Guerra. 
Entrevista editada em 15 de Outubro de 2016

O pianista Júlio Resende e o fadista Ricardo Ribeiro actuam na homenagem a António Macedo 

4 comentários:

Rui Henrique Santos disse...

magnifico! vale a pena guardar para ler e reler! obrigado.

Melo disse...

ótimo! venha de lá essa rádio pirata na Internet, ouvintes não faltarão. E não só gente mais velha, eu e amigos meus na casa dos 30 adoramos ouvir o António

LuísM Castanheira disse...

Olá António,um grande abraço (pode ser do tamanho e da distância que medeia entre Luanda e Lisboa - bons, esses tempos).
Ao João, um igual abraço e agradecimento por esta página.

José Farinha disse...

Viva,sou um amante e entusiasta da rádio,vários anos da minha vida foram gastos para contribuir para o aparecimento de outras formas de fazer rádio e desbloquear o éter...Já ouço o António Macedo há muito tempo... e pessoalmente só estive perto dele quando dispensou os meus serviços na extinta Rádio Mais...não só por isso, mas por mais outras, deu para perceber que é uma pessoa muito ambiciosa, virtude essa que eu não tenho, mas afinal porque estou eu aqui? Apenas para lhe pedir que gaste algum do seu precioso tempo a escutar-se a si próprio,nas gravações contínuas das emissões matinais da antena1,faz-nos bem por vezes este tipo de exercício,gosto de si,como pessoa,mas não tanto como locutor,se me detenho na antena1,é bem mais por causa da ausência de publicidade ,da música e da maneira como os restantes colegas exercem a leitura das notícias,mas logo que surge o António, com o devido respeito sou honesto em dizer-lhe,que até parece inebriado,com a vós titubeante e as pausas mal feitas,dá-me vontade de procurar outra sintonia,por vezes faço-o...
Espero que não me leve a mal este meu comentário sentido e honesto,mas convenhamos que independentemente do seu valor como jornalista/animador,terá que rever o posicionamento da sua voz,faça-se menos importante e seja mais natural.Será que esta sua postura terá que ver com estas suas palavras? " Eu estou muito descontente com a rádio que estou a fazer, estou muito descontente com a forma como a rádio está a ser feita, estou muito desconfortável com tudo aquilo que me rodeia. E portanto, a minha intenção é, assim que puder, mostrar nem que seja a cinco pessoas, nem que seja só na Internet, aquilo que eu gostava que fosse feito."
Bem haja,José Farinha